quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Protata feminia

Durante muito tempo, a existência da próstata feminina foi negada pelos especialistas. Geralmente, ela era chamada de glândula de Skene, um “vestígio” da fase embrionária que não teria função significativa na vida adulta. Estudos recentes em nível internacional, porém, têm demonstrado que a próstata está presente e ativa no organismo das fêmeas, sofrendo a influência dos hormônios – secreções glandulares que regulam as funções orgânicas –, o que pode até mesmo, como ocorre no caso masculino, levar ao aparecimento do câncer e outras doenças.
Por meio da investigação das fêmeas de um roedor, o gerbilo-da-mongólia, um grupo de pesquisadores da UNESP demonstrou como a próstata é afetada pelas terapias de reposição hormonal (TRH). “Esses trabalhos são importantes porque a crescente prática da reposição hormonal entre mulheres não tem sido acompanhada de um conhecimento mais aprofundado das reações desse processo no organismo”, comenta o biólogo Sebastião Roberto Taboga, coordenador da equipe e professor do Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto.

Quando ainda estão na fase embrionária, machos e fêmeas possuem as mesmas características orgânicas. No entanto, a testosterona – um hormônio que se apresenta em níveis elevados no caso masculino – determina a diferenciação dos sexos. Em procedimentos clínicos de TRH, pode ser administrada a deidroepiandrosterona (DHEA), que no organismo se transforma em testosterona. A equipe tem demonstrado que a DHEA e outras substâncias causam um desequilíbrio na fisiologia da próstata feminina, provocando seu crescimento e até lesões pré-malignas e malignas – ou seja, cancerígenas. Segundo Taboga, diante desses efeitos, se houver uma predisposição genética, podem ocorrer tumores como os que são comuns entre os homens.

O biólogo explica que, embora não se saiba com exatidão qual é a função da próstata feminina, ela apresenta características de secreção protéica, ou seja, de produção e liberação de proteínas. “Durante a relação sexual, a glândula libera secreções conhecidas como ejaculação feminina, formadas pelo mesmo líquido presente no caso da próstata masculina”, esclarece.
O Grupo Biologia da Reprodução, que tem como objetivo pesquisar os órgãos reprodutores e glândulas anexas, inclui os docentes Rejane Maira Góes, do Ibilce, Sérgio Felisbino, do Instituto de Biociências, campus de Botucatu, e Hernandes Carvalho, da Unicamp. Suas investigações envolvem ferramentas que vão da microscopia eletrônica a programas de análise de imagens que permitem a reconstrução tridimensional da glândula – processo que conta com a colaboração do professor Luiz Henrique Monteiro Leal, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
.
Da equipe também participam duas doutorandas do Ibilce: Fernanda Cristina Alcântara dos Santos e Ana Maria Galván Custódio. Em seu estudo, Ana Maria investiga os efeitos da reposição hormonal – em especial da DHEA – sobre a próstata da fêmea de gerbilo-da-mongólia. O trabalho já constatou que a próstata feminina começa a produzir secreções quando a masculina ainda está em formação. “Isso confirma como o amadurecimento sexual das fêmeas é anterior ao dos machos”, explica.

A pesquisa de Fernanda busca compreender os efeitos do estrógeno – o principal hormônio do organismo feminino – sobre a glândula prostática das fêmeas desses roedores. Embora os resultados sejam preliminares, a doutoranda já concluiu que o Tamoxifeno e o Letrozol, duas drogas usadas contra o câncer de mama, interferem no equilíbrio hormonal, alterando a fisiologia da próstata. “Esse resultado sugere que, ao receitar esses produtos, os médicos devem levar em conta seus possíveis efeitos sobre a próstata de suas pacientes”, comenta.

2 comentários:

nicolly disse...

MUITO BOM O ASSUNTO,PARABÉNS AMIGAA (y) ...
ARRASOU !

BEIJUS ;*

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.